/> Πρωτεύς: Quero-te

13 de janeiro de 2010

Quero-te

Descubra-te da burca-temor,
Longa-noite afora de “Nós”.
Nem fantasma nem farsa es?
Nem demônio nem anjo sou.
Quero-te e somente isso.
A rosa é o porquê da rosa:
Florescer do florescer.
Queira-me porque te quero.
Por que não? Ou não me queira.
Como te quero não sei. Desisto
Das vãs certezas. Meus jardins
Desertos querem-te hera,
Rosaespinho, orquídea estrangeira.
Desconheço e quero assim
Não saber de tudo quanto
Recusa-me teu verbo.
É que a rude densidade
Da pedra, do mármore e do sólido
Jamais persiste além do corpo:
É a mão que os toca,
Os olhos que os veem.
Mas o corpo entre os dentes
É, sob a terra, semente
Das tantas lúcidas comédias.
Quando tudo mais rarefeito
Desenho tua concretude possível,
Suprasenso de fisionomia, enigma.
Enigma, sim! — assim te quero.

Um comentário :

Anônimo disse...

Essa poesia é linda!
Tem docilidade,uma sensualidade sutil,romantismo, sedução...
Os três ultimos versos são perfeitos.

"Desenho tua concretude possível,
Suprasenso de fisionomia, enigma.
Enigma, sim! — assim te quero."

É belo!