Para Violet
Cante o mar, ode sobre ode,O mar que reboa sobre si
Quando cálido à tarde úmida
Recolhe a areia espalhada ao fundo:
Tempo que não escoa, o eterno, mas
Desaparece aos olhos e me deixa
A fisionomia inteira desenhada,
Mulher inteira, mulher-enigma sempre.
Tu es o enigma de minhas noite insones,
Senão ruidosas; afasia de meus olhos conturbados.
Uma imagem é ainda uma imagem, sei.
Como sei que a Palavra é ainda palavra,
Desgarrada da tempestade de membros. Mas,
Não são imagens o que toco agora
Afora o fato inconteste de tocá-las?
Não é a imagem (re)completa do corpo
A semente de um desejo sem medida?
Antes ansiei por ver-te o rosto, ver-te inteira
E verter-te a fisionomia em verso.
Mas agora desejo: perfume de teu colo,
Calor de tua pele, sabor de teu sexo.
Agora desejo o cálice que somente
Na ausência converte em veneno o vinho.
Ah! Cante o mar que te conhece melhor,
Cante o prazer de envolver-te o corpo.
Eu, fincado na distância que consome
A tempestade em vazio noturno,
Emudeço.
Nenhum comentário :
Postar um comentário