Pesa-me a distância, pesa-me o silêncio.
Pesa-me sobretudo a possibilidade
Que escapa, areia fina entre os dedos.
Mas o dia é leve, claro o céu.
O acaso que somos não tem medida:
Uma palavra encontra a outra e se cala
Como navio ao porto e o porto ao navio,
Como o que demora em verbos
E por isso deseja o silêncio eterno do instante.
Não corta cada instante a eternidade?
Prefiro crer. Por que o que somos a cada vez,
Co’a pureza incomensurável dos cometas,
Não se apaga no horizonte sem vestígio.
Se a incerteza das horas por vir afronta
A serenidade corriqueira das manhãs,
Deixemos entreaberta a porta arrombada,
Deixemos sentar á mesa o desejo bárbaro.
Amar é também amar o desconhecido,
O desconhecido que somos ao reflexo.
Nos tornamos estranhos um para o outro,
Como incessantemente nos estranhamos
Quando nos despimos de veste e verbo.
Tu serás a síntese das manhãs vindouras?
Nada sei. Porém já tremor-anseio
De minha carne: horizonte e tempestade.
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