/> Πρωτεύς: Terra e Tempo

24 de janeiro de 2010

Terra e Tempo

Quando era criança, a menina comia doces com voracidade,
Não se importava de sujar a boca e sorrir sozinha,
Deixava os cabelos voarem ao vento
E os cortava com uma tesoura cega.
Quando era criança, a menina não tinha medo de apanhar flores;
Distraída, entre as pedras, ora caia e se machucava,
Mas voltava a cair e se machucar.
Não havia tanta gente como hoje ao seu redor,
Mas uma voz derramava canções ao seu ouvido
Sobre os dias que ainda não haviam chegado.


Quando era criança, a menina acreditava em pássaros
E tanto que frequentemente acreditava-se um.
A Terra era jovem ainda, ainda não tão rasa,
Não havia superfícies, mas cordilheiras e abismos.
O céu tocava a terra por longos braços de pedra.
Quando era criança, a menina passeava entre os picos e nuvens.
Estava sozinha e guardava silêncio para si mesma,
Não tinha um nome para si e ninguém a chamava:
Seu silêncio e sua voz eram uma só melodia.


Quando era criança, a menina amava a chuva e o mar.
Certa vez deitou-se na areia e ali permaneceu.
O mar alcançou seus pés mas recuou.
Todos os dias que foram, eram e viriam
Estavam ali em grãos de areia e rastro, sua imagem,
Não mais desapareceu da Terra e do tempo.

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