/> Πρωτεύς: setembro 2010

30 de setembro de 2010

Current 93 - Hitler as Kalki







Hitler as Kalki (Current 93)

These are the dregs
The last grains of the age
It may be the hourglass
Or earth covering earth
But not in Bethlehem
Not in Jerusalem
Not in Chorazaim
And not in Bethsaida
We will not again see
God humbled on an ass
But see
See
On a white horse he comes
Blazing sword in burning hand
"Lo, I am become death
The destroyer of worlds"
His hands are backed up
They're straining at his neck
What colour shall we rank in him?
What face shall we deliver him?
There may be the black dog
There may be the white dog
Hitler comes as Kalki
Kalki comes as Hitler
Teeth. Teeth. Teeth. Teeth.
But meaningless lights
Still hold our attention
We think that the holy books
Are written in blood and fire
But what if it's water?
The fire's turned to blood
The blood's turned to water
And the water's turned to what?
Milk? Piss? Lies? Dust?
Hitler comes as Kalki
Kalki comes as Hitler
Everything becomes emptiness
But goes through fire
Secret mother (gsang yum chen mo)
Secret fater (gsang yab chen po)
Hitler becomes Kalki
Kalki becomes Hitler
White horse and red horse
Christ twists on the cross
Christ smiles in the guttering rubble
He brings not peace but a sword
Maybe the ocean roars immaculate
Maybe the stars fall incomprehensible
Oh these all tell me
These all spell to me
Hitler as Kalki
Kalki as Hitler
Where's your god now?
I'll point out his varied forms to you:
One: He hangs on the end of a tree
Two: He's nailed to the arms
Of that self-same tree
And three: He spins and soars
And laughs through space
One day the world sees
Oh one day the world sees
Hitler as Kalki
Kalki as Hitler
He lies matted
Half in time and half in space
Through the rising incense smoke
I see him in a crouded room
I see him crossing the mountain range
If we see man at his most bloody
If we see man at his most base
Shall we then and there say
"This is reality; this is his nature"?
what makes the pain
More real than the joy?
Both are so mignled
And muddied together
To pull them apart
We butcher the essence
And cripple its meaning
God is on the cross
Or three gods perhaps
If they are all one
Neither coming nor going
Neither waxing nor waning
But immense in their unity
Matter and space
He rides between the spaces
And he rides between the pain
In the secret heart of becoming
In the secret modes of darkness
His eyes are now shuttered windows
Oh man man man man
With his claws and his lies
With his peace and his pain
With his love and his sorrow
With his candle of hope
That stutters and dies
No liberation through hearing
When the sound of the world's collapsing
Deafens deafens deafens our ears
And pierces our hearts
Hitler as Kalki
Kalki as Hitler
Rolling and roaring
Exultant and trembling
Sorrow sorrow sorrow
Where the eagle flies
Where the eagle shudders
Where the eagle drops
Where the eagle plummets
All things merging
And all things dissolving
Then stars collapse
The vortex commences in space
The rubble collects
The debris gathers
Time starts to shiver
By heart's blood
If I dissolve into your body
If I hoped to find
White light in your soul
If together we fall into forever
Would we not notice the turbulence
That no longer waits?
First he comes
From on a hill
Then he's running
Throughout the town
Then he stands
Devoid of peace
Devoid of place
Devoid of pity
Oh my dear Christ
Carried broken from sad brown earth
Teeth. Teeth. Teeth. Teeth. Teeth.
Hitler as Kalki
Kalki as Hitler
Hitler
Kalki

***


Na mitologia Hindu, Kalki (कल्कि), Kalkin ou Kalaki é o décimo e último avatar de Vishnu ( विष्णु), a grande divindade do hinduismo, cuja união com Shiva (शिव) e Brahma (ब्रह्मा) forma o Trimúrti (त्रिमूर्ति).

Pouco depois do eclipese da vontade, Savitri Devi, ocultista francesa e entusiasta do nacional-socialismo, começou a divulgar a idéia de Hitler seria a última personificação do deus hindu, cuja aparição deveria por fim ao Kali Yuga (कलियुग), a idade do ferro, tempo em que a intoxicação, a prostituição, a matança de animais, a destruição da natureza e a jogatina imperam no mundo do homens. Essa tese foi posteriormente retomada por Miguel Serrano, diplomata e ocultista chileno, em Adolf Hitler, El Último Avatãra.

Adolf Hitler, führer do Terceiro Império Alemão, cometeu suicídio no bunker da chancelaria germânica em 30 de abril de 1945, quando cercado pelas tropas da URSS. Fato este que obsta às mentes "normais" considerar seriamente a tese de Devi, mas não, por óbvio, à criatividade de Serrano, cuja explicação obscurum per obscurius rejeita a tese do suicídio por uma fantástica viajem ao país dos hiperbóreos, donde, como um Cronos nas ilhas-bem aventuradas, o führer continuaria a reger a batalha contra as formas obscuras da Idade do Ferro.

Outra evidente dificuldade, desta vez estritamente mística, é que a Idade do Ferro, que teve início no fim da vida material de Krishna, deve durar cerca de 432000 anos. Ora, como a intepretação hindu das escrituras firma em 3102 a.c de nosso calendário o início do Kali Yuga, então se Hitler fosse realmente Kalki provavelmente teria descoberto que chegou bastante adiantado (cerca de 433000 anos), e deve ter voltado para o mundo divino.

Despropósitos a parte, a idéia, cujo mérito consiste em reinterpretar a história como batalha espiritual, tem certa força atrativa principalmente sobre os espíritos mais sensíveis – aqueles espíritos pouco afeitos a grosseria materialista que vige desde o esfacelamento do Cristianismo no Ocidente, que, como novos Blakes necessitam de uma mitologia própria e, ora a criam, ora a tomam de empréstimo de alhures. Não é sem razão que ao abandonar o esoterismo nazi, David Tibet tenha, a seguir o exemplo de Wagner, se tornado devoto.

***

Hitler as Kalki está entre as canções do Current 93, projeto de David Tibet, que explicitamente denunciam a vinculação do neofolk à estética nazista. Nisso Tibet foi influenciado por sua amizade com Douglas Pearce, cujo interesse por assuntos da Segunda Guerra aliada a tentativa de resgatar a música folclórica europeia no contexto do rock gótico dos anos 80 determinou as linhas gerais do estilo fundado pelo Death in June. Embora tenha rendido algumas das melhores canções do Current 93, o esoterismo de Tibet findou-se com sua conversão ao cristianismo.

Do álbum homônimo de 1993, Hitler as Kalki é, ao certo, uma das melhores composições do Current 93, cujas inconfundíveis variações sonoras colocam o trabalho de Tibet como um dos mais progressivos no contexto do neofolk. Rivaliza com o próprio Death in June, em força inovadora, o experimentalismo musical dos primeiros trabalhos do Current, cujo traço marcante é a interconexão temática dos álbuns no sentido da formação de uma Opera Magna. Prova disso é Imperium V, que abre e encerra Hitler as Kalki, repercutindo em trabalhos anteriores e posteriores.

***
Bastaria esta referência para classificar o neofolk como música neonazista? Por óbvio que não. Dizer o contrário é deslocar o foco do contexto estético para o político. É verdade que manifestações neopagãs no velho mundo são frequentemente alvo de acusações desse tipo, movidas pela rejeição generalizada a qualquer fenômeno ligado ao Terceiro Reich. Mas é verdade também que o esoterismo que aflorou entre os nazistas não pode ser correlacionado facilmente com os eventos político-econômicos que desencadearam a Guerra e mergulharam o mundo em anos de morticínio.

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28 de setembro de 2010

Arimã

Arimã é noite sobre a torre do silêncio,
Quando o deixam só, cobertos de branco.
Fogo extinto sobre a torre do silêncio: Arimã.
Jardim pendente de horror: espelho.

Arimã é o fogo extinto sobre a torre do silêncio,
Quando o terceiro sol levanta a terça manhã.
Noite crescente sobre a torre do silêncio: Arimã.
Jardim pendente de úlceras e vermes.

27 de setembro de 2010

"Se"

Pudesse eu virar o tempo ao reverso,
Tornar até onde estivemos.
Não faria nada diverso,
Tenho certo.

Quanto engano! Pudesse eu...
Contaria menos as sílabas,
Deixaria toda métrica e rima;
Tomaria teu corpo como último.
Com toda força, tomaria
Mesmo e mais o que não me desses.
Do que não me dissesses, saberia;
Creria... faria... seria.

Quanto engano! Pudesse eu...
Não poderia.

26 de setembro de 2010

"Foi assim"

A palavra emudecida,
Não dita, não-palavra,
Nem signo, nem sentido,
Nem silêncio, nem ruído -
É só tempo e "se",
Mordida de cão e pedra,
Esperança órfica e vã,
Fúria Sísifo.

24 de setembro de 2010

Em Colono

                                       Omnis dies, omnis hora quam nihil sumus, ostendit (Sêneca)


Onde estareis companheiros,
Agora que me chegam, mortos, mil versos
Épicos e odes da fortuna dos Tirésias?
Éramos juntos animais tolos e ridentes,
Cantávamos as maças e o cálice de Vênus,
Corríamos até fugir ao Febo. E, jovens,
Éramos árcades, talvez, ou lusitanos,
Filhos de musas, ninfas e sátiros,
Semideuses perdidos no lugar dos homens.
Onde estareis vós, companheiros, amigos todos?
Agora que me fizeram um homem são e velho
A colher o silêncio de um corpo e o riso d’outro?
Eis-me aqui tão longe da montanha mágica
Que o canto endurece em prosa e da palavra
A nítida fisionomia já me escapa.
Eis-me aqui cego, circundado de enigmas;
Um bode velho, surrado nos bagos, e expulso
Da terra natal em que não cheguei.
Eis-me aqui um Édipo a perseguir espelhos.