/> Πρωτεύς: Poética X

12 de outubro de 2010

Poética X

Há um dilema que todo iniciante em arte poética deve enfrentar se quiser deixar de ser uma amador: ou o poema diz algo por si mesmo ou diz algo de seu autor. O dilema diz respeito a antinomia artificialismo X sentimentalismo. Rilke ressaltou muito bem que a poesia deve ser para o poeta uma necessidade incontornável: se alguém pode viver sem escrever, melhor que assim viva. Somente o que sente a poesia como necessidade será capaz de suportar a glória do sucesso ou a solidão do fracasso com o mesmo estoicismo; para ele, a poesia já é um fim em si mesmo.

Artificialismo e sentimentalismo são as duas vias extremas e exteriores à arte poética autêntica. A primeira é meramente tekné, produção inanimada; a segunda é mera confissão pessoal. “O poeta é um fingidor”, bem disse Pessoa, e é como fingidor e ficcionador que o poeta deve falar de sentimentos. Pois os afetos são o espírito do poético, sem os quais ele não será mais que forma destituída de sentido, mas os afetos, se devem ser obra poética, não pertencem ao poeta senão também ele como obra poética, i.e., como uma ficção. O movimento interior do qual a escrita parece afluir só adquire importância em face do "efeito de superfície" que envolve a própria noção do "estético". E Eliot pode ao certo dizer sobre as emoções que o poeta não procura expressá-las nem construí-las, mas delas fugir: "Poetry is not a turning loose of emotion, but an escape from emotion; it is not the expression of personality, but an escape from personality. But, of course, only those who have personality and emotions know what it means to want to escape from these things".

Um comentário :

Priscilla Marchetto disse...

Oi Getulio...
incrível postagem...
e entendo exatamente isso...
no meu super amadorismo e sem a pretensão de obedecer regras, escrevo por paixão e necessidade...
=]

Prazer em conhecer seu blog...
EXCELENTE!
Abços.