À noite, quando penso nas musas
Que nos deixaram, ou nas lusas
Travessias, além d’África.
É teu canto à cabeceira, Camões,
O vestígio do mundo arcano,
Inacessável. À noite, sobre o Tejo,
Quando do verso parte a melodia,
Quando a sílaba cadente grita:
“Nem senhor, nem mestre!”
À tarde quando, esquecido, enrrubesce
Urano e o metal do campanário aquieta,
Em Brasília, o rebuliço da turba,
É teu canto, Luís, esta estante suja,
Empoeirada e coberta de aranhas;
É o silêncio quando a tarde morre,
Quando do verso parte a melodia.
É quando a sílaba cadente grita:
“Nem senhor, nem mestre!”
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