O dia atravessa ruas e praças:
Somos juntos o declínio do aroma,
Vestígio de ombro e madrugada.
Não somente amiga, sei:
Jamais olhos puros de amiga,
Jamais um sorriso fraterno,
Inveja, compaixão, louvor.
Não me dobrarás os joelhos, sei.
Nem quereria se algo quisesse
Que não fosse volúpia e desrazão.
Não me terás mãos limpas, puras, de uma amiga,
E sobre elas não liquefarei-me.
Mas teus olhos, sorriso e mãos
Estarão sempre manchados de tempestade.
Se um instante reconcilia os lábios,
Nenhum passado aflora combalido.
Ergue, porém, o que não se reconhece passado,
O que não cessa de trespassar a carne.
Um comentário :
"Teus olhos, sorriso e mãos
Estarão sempre manchados de tempestade." Belíssima metáfora...parabéns!
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