Um dia silenciaremos junto à corrente
Lá onde o fôlego envolve a tempestade.
Porque as fisionomias que os cantos rondam
Sob o lúcido aspecto das palavras íngremes
Podem confundir-se à sombra — e a sombra
Envolver os traços ingênuos do mais nítido.
É que a noite envolve as estrelas cadentes:
São como órfãos de mundos acolhidos.
E se correm lágrimas sobre a face do céu
Também aí haverá algum vestígio de existências.
A lembrança é, creio, uma fisionomia da vida,
Mas desgarrada como a imagem do sino ao longe.
Se quando fecho os olhos e a pureza do silêncio
Esquece-me dos predicados noturnos do sonho,
Julgo também ser entre as coisas acabadas.
Longe vai extinguir-se a imagem do sino
Longe vai... mas extinguir-se.
Como qualquer coisa dura... ainda dura...
Fossem as coisas a imagem de seu destino,
Fosse o destino fisionomia das coisas.
Nenhum comentário :
Postar um comentário