Alva-manhã epiderme de sob o vestido,
De sob o negro vestido, vertida:
Vigas-coxas do altar de Vênus.
29 de novembro de 2009
27 de novembro de 2009
Onde os olhos
Onde os olhos desaparecem através do reflexo
Há um lugar de canções que penetram o silêncio,
Sombras que se confundem com a escuridão,
Pouco aquém da clareira do caçador exausto.
Quando a sala vazia, quando a mesa de jantar vazia,
Houve também um lugar de canções deslembradas —
Em cachos pendentes de vinho e campo-de-arroz:
Quando éramos um e outro, na reunião dos olhos,
Mais humanos que o mais tolo dos homens.
Se ainda os olhos outra vez aqui defrontam,
Porém, é um fosso de deserto em fonte
De tanta alva-terra quanto tempo houve.
Há um lugar de canções que penetram o silêncio,
Sombras que se confundem com a escuridão,
Pouco aquém da clareira do caçador exausto.
Quando a sala vazia, quando a mesa de jantar vazia,
Houve também um lugar de canções deslembradas —
Em cachos pendentes de vinho e campo-de-arroz:
Quando éramos um e outro, na reunião dos olhos,
Mais humanos que o mais tolo dos homens.
Se ainda os olhos outra vez aqui defrontam,
Porém, é um fosso de deserto em fonte
De tanta alva-terra quanto tempo houve.
26 de novembro de 2009
Nosotros I
Enfim...
Estar sujo de si mesmo,
Todo coberto de si e repugnante,
Com ossos cobertos de aranhas,
Amordaçado e faminto de matéria.
Sangrar horas...
Wether também sangrou por dias,
Mas, sombra de sombra e pólvora,
Por palavras, sonho diurno, símile Órfico,
Enfim... engodo!
Senão a contraface do velho fausto.
Ter lençóis, porém, manchados de culpa
E a fisionomia a desenhar o espaço,
Já é tornar-se próximo contigo na dor.
Bem sei: melhor tornar-se escravo
Do mais mísero dos míseros Senhores
Que na penumbra ficar aquém do orvalho.
Mas a leveza do corpo sobre teu corpo
Mas o esquecimento rarefeito
Em vazio extensivo e voz deserta,
Membrana Etérea de querer e quimera,
Deixou outro cálice entre meus dedos.
Sim! Já o acontecer da superfície deflexa
Da espessura inalcançável, epidérmica...
A eclosão entremeada de vestidos:
Branca pele, insinuante entre o pudor e riso,
Pudica como os olhos sadopudicos de Senhora,
Imperativa em tua moral homérica,
Em tua crueldade categórica.
Haja vândalo e bárbaro o anseio desta carne
Que te percorre o rosto no tocar fraterno,
Que te circunda a pele e a recusa estrábica
Do cálice de teu ventre sob o veludo negro:
Diabólica orquídea recôndito-defesa.
Estar sujo de si mesmo,
Todo coberto de si e repugnante,
Com ossos cobertos de aranhas,
Amordaçado e faminto de matéria.
Sangrar horas...
Wether também sangrou por dias,
Mas, sombra de sombra e pólvora,
Por palavras, sonho diurno, símile Órfico,
Enfim... engodo!
Senão a contraface do velho fausto.
Ter lençóis, porém, manchados de culpa
E a fisionomia a desenhar o espaço,
Já é tornar-se próximo contigo na dor.
Bem sei: melhor tornar-se escravo
Do mais mísero dos míseros Senhores
Que na penumbra ficar aquém do orvalho.
Mas a leveza do corpo sobre teu corpo
Mas o esquecimento rarefeito
Em vazio extensivo e voz deserta,
Membrana Etérea de querer e quimera,
Deixou outro cálice entre meus dedos.
Sim! Já o acontecer da superfície deflexa
Da espessura inalcançável, epidérmica...
A eclosão entremeada de vestidos:
Branca pele, insinuante entre o pudor e riso,
Pudica como os olhos sadopudicos de Senhora,
Imperativa em tua moral homérica,
Em tua crueldade categórica.
Haja vândalo e bárbaro o anseio desta carne
Que te percorre o rosto no tocar fraterno,
Que te circunda a pele e a recusa estrábica
Do cálice de teu ventre sob o veludo negro:
Diabólica orquídea recôndito-defesa.
24 de novembro de 2009
A(patia)
Sinto! Mas sinto menos agora.
A noite não tão escura.
Manhãs e tardes nubladas vêm
De quando fui,
Do quanto fui quando brincava.
Há menos olhos em teus olhos,
Há em ti o que não me lembro.
Alguém derramou cinza sobre o asfalto,
Cobriu, acinzentado, os muros
E lavou os signos.
Ou foram meu olhos que acinzentaram?
Sinto tanto!
Sinto-me aqui tanto menos:
Tanto menos há.
A noite não tão escura.
Manhãs e tardes nubladas vêm
De quando fui,
Do quanto fui quando brincava.
Há menos olhos em teus olhos,
Há em ti o que não me lembro.
Alguém derramou cinza sobre o asfalto,
Cobriu, acinzentado, os muros
E lavou os signos.
Ou foram meu olhos que acinzentaram?
Sinto tanto!
Sinto-me aqui tanto menos:
Tanto menos há.
23 de novembro de 2009
...
Um dia silenciaremos junto à corrente
Lá onde o fôlego envolve a tempestade.
Porque as fisionomias que os cantos rondam
Sob o lúcido aspecto das palavras íngremes
Podem confundir-se à sombra — e a sombra
Envolver os traços ingênuos do mais nítido.
É que a noite envolve as estrelas cadentes:
São como órfãos de mundos acolhidos.
E se correm lágrimas sobre a face do céu
Também aí haverá algum vestígio de existências.
A lembrança é, creio, uma fisionomia da vida,
Mas desgarrada como a imagem do sino ao longe.
Se quando fecho os olhos e a pureza do silêncio
Esquece-me dos predicados noturnos do sonho,
Julgo também ser entre as coisas acabadas.
Longe vai extinguir-se a imagem do sino
Longe vai... mas extinguir-se.
Como qualquer coisa dura... ainda dura...
Fossem as coisas a imagem de seu destino,
Fosse o destino fisionomia das coisas.
Lá onde o fôlego envolve a tempestade.
Porque as fisionomias que os cantos rondam
Sob o lúcido aspecto das palavras íngremes
Podem confundir-se à sombra — e a sombra
Envolver os traços ingênuos do mais nítido.
É que a noite envolve as estrelas cadentes:
São como órfãos de mundos acolhidos.
E se correm lágrimas sobre a face do céu
Também aí haverá algum vestígio de existências.
A lembrança é, creio, uma fisionomia da vida,
Mas desgarrada como a imagem do sino ao longe.
Se quando fecho os olhos e a pureza do silêncio
Esquece-me dos predicados noturnos do sonho,
Julgo também ser entre as coisas acabadas.
Longe vai extinguir-se a imagem do sino
Longe vai... mas extinguir-se.
Como qualquer coisa dura... ainda dura...
Fossem as coisas a imagem de seu destino,
Fosse o destino fisionomia das coisas.
22 de novembro de 2009
... entre os mortos
Agora que da estrada o dorso
Maior horizonte avista,
Que da esteira do pó
Perdeu-se a fileira dos passos...
Extinguir-se.
Perecer e alçar renúncias:
Não como a fonte-musa
Que vez recusou transbordar
Mas riacho, aedo, viajante:
Da nascente perdido um dia,
É um curso vazio, imóvel,
Onde escorrem serpentes,
E de onde saltam aranhas e insetos.
Tal como extinguir-se
É perecer o leito e a margem,
Perder-se da queda,
Avolumar-se em lago
Cada vez mais raso.
Simplesmente, assim, a torrente,
Voz, volúpia e vaguear,
Desaparece — e desparecendo morte
Esquelética, enxadrista ou amante:
Simplesmente não estar
Entre coisas que já não estão.
Morrer, esconder-se ao claro;
Envelhecer, acostumar-se a morrer.
Maior horizonte avista,
Que da esteira do pó
Perdeu-se a fileira dos passos...
Extinguir-se.
Perecer e alçar renúncias:
Não como a fonte-musa
Que vez recusou transbordar
Mas riacho, aedo, viajante:
Da nascente perdido um dia,
É um curso vazio, imóvel,
Onde escorrem serpentes,
E de onde saltam aranhas e insetos.
Tal como extinguir-se
É perecer o leito e a margem,
Perder-se da queda,
Avolumar-se em lago
Cada vez mais raso.
Simplesmente, assim, a torrente,
Voz, volúpia e vaguear,
Desaparece — e desparecendo morte
Esquelética, enxadrista ou amante:
Simplesmente não estar
Entre coisas que já não estão.
Morrer, esconder-se ao claro;
Envelhecer, acostumar-se a morrer.
20 de novembro de 2009
PROTEUS
I
Na mitologia grega: Proteus, filho do Oceano e de Tétis (ou de Fênice e Netuno segundo outra versão), deus marinho capaz de mudar sua própria forma.
Nosotros II
Intellectus luminis sicci non est recipit
infusionem a voluntate et affectibus (Bacon)
infusionem a voluntate et affectibus (Bacon)
II
Mas desenha
A distância teu corpo distante,
O vazio... o vazioespaço de corpo.
O recurvo-gigante, celeste pilastra,
Flerta um vão marinho
Da altura dos ombros...
Porsobre os gêmeos montes
Ao delta de Vênus (re)coberto.
Aquém do turbilhão que te transforma
Em coisa como gente, à sombra outra afigurada,
Quedo-me ereto qual forma também outra,
Forjando olhos sobre tua pele que aflora
Sob o lascivo lúmen do volúvel viso.
Se à carne fere o gume-fluido da penumbra,
A textura que pouco, e pouco, desmancha
Entre nossas línguas e meus dentes reclama:
“Corte e sirva esta carne à boca lasciva,
Deixa escorrer licorosos lábios. Sim,
É o desejo... é o desejo e a boca vazia,
Emudecer no avizinhar das coxas,
Bel-prazer no ebulir do vértice.”
Mas não! Não penetras-me entanto
A garganta: ave, ávida, ássona.
Quando a fúria adensa o corpo rarefeito
Em figura de corpo entre tantos corpos —
Cada parte do corpo como coisas outras,
Digo “eu” enfim como voz átona pordentro
E para cada parte tua forjo um nome
Pra chamá-las de volta ao perto,
Pra gozar tua carne entre verbos
Com lascívia estranha e métrica. Mas estranhos,
Mais estranhos nos tornamos um para o outro.
Mas desenha
A distância teu corpo distante,
O vazio... o vazioespaço de corpo.
O recurvo-gigante, celeste pilastra,
Flerta um vão marinho
Da altura dos ombros...
Porsobre os gêmeos montes
Ao delta de Vênus (re)coberto.
Aquém do turbilhão que te transforma
Em coisa como gente, à sombra outra afigurada,
Quedo-me ereto qual forma também outra,
Forjando olhos sobre tua pele que aflora
Sob o lascivo lúmen do volúvel viso.
Se à carne fere o gume-fluido da penumbra,
A textura que pouco, e pouco, desmancha
Entre nossas línguas e meus dentes reclama:
“Corte e sirva esta carne à boca lasciva,
Deixa escorrer licorosos lábios. Sim,
É o desejo... é o desejo e a boca vazia,
Emudecer no avizinhar das coxas,
Bel-prazer no ebulir do vértice.”
Mas não! Não penetras-me entanto
A garganta: ave, ávida, ássona.
Quando a fúria adensa o corpo rarefeito
Em figura de corpo entre tantos corpos —
Cada parte do corpo como coisas outras,
Digo “eu” enfim como voz átona pordentro
E para cada parte tua forjo um nome
Pra chamá-las de volta ao perto,
Pra gozar tua carne entre verbos
Com lascívia estranha e métrica. Mas estranhos,
Mais estranhos nos tornamos um para o outro.
19 de novembro de 2009
Barret
Qual o problema? É que junto a nossa propensão histórica para mentiras bem contadas, surgiu a estranha tendência de desfazê-las, de caminhar em direção a verdade que velamos, e precisamos velar, de nós mesmos. Cada passo nesta direção, porém, sempre nos parecerá um misto de revelação e de loucura.
(...)
Entendi” — foi o que Barret disse a Waters depois de tocarem pela sexta vez o “refrão”. A historia poderia se perder entre as muitas excentricidades que conduziram Barret de volta a Cambridge não fosse o fato de que o experimento improvisado ultrapassa em significação toda a música experimental do Pink Floyd e mesmo dos álbuns solos do compositor original da banda. Narrada por Waters ela aparece assim:
“Houve um dia em que juntamos a banda e nos sentamos para tentar criar algumas músicas. Eu não me esqueço do dia em que ele veio para o ensaio, e perguntou o que estávamos fazendo. Estávamos compondo uma nova música. Ele disse: ‘Ótimo, como esta indo?’ Se sentou perto, pegou a guitarra. Era assim... Ele disse que ensinaria o refrão. Eu disse: ‘Ok, entendi’ Então eu disse pra tocarmos juntos. E ele tocou um pouquinho diferente. Sempre um pouco diferente. Sempre mudando. Na sexta vez que tocamos... Ele disse: ‘Entendi!’. E largou a guitarra.”
Haverá quem prefira ver neste incidente outra marca da “loucura” que se apossou do jovem gênio musical pop por virtude dos alteradores de consciência das quais abusava. É uma explicação tão boa e reconfortante, ou seja, cognitivamente letárgica, quanto foi a sífilis para Nietzsche. O contrário seria uma explicação mística que envolve o próprio conceito de loucura como uma experiência fundamental e extraordinária, na qual alguma verdade mais profunda que as razoáveis poderia florescer. Senso comum e idealismo à parte, o incidente do “refrão” revela o teor da criatividade de Barret e ao mesmo tempo uma disposição evidente da arte moderna: seu heraclitismo.
(...)
Seria pouco dizer que “o refrão” não poderia ser tocado outra vez. Ele nem mesmo poderia ser ouvido, se no ouvir entendemos o mínimo de apreciação estética ou interação cognitiva. Como chamar de refrão o que nega duas vezes o caráter da recorrência? Ainda assim, o refrâo de Barret era o refrão de uma canção que ainda não tinha sido composta e que jamais seria.
(...)
O “refrão indefinido” de Barret espelha 4'33 de John Cage: os dois experimentos estão em relação como imagens invertidas e pólos eqüidistantes ao que se compreende razoavelmente como “música”. Isso é evidente pelo fato de que a peça de Cage, inicialmente composta para piano, mas que por óbvio pode ser tocada em qualquer instrumento, se produz por uma recusa de si mesma: a expectativa frustrada da matéria musical deixa produzir-se a música a partir dos ruídos do teatro e da platéia. O “refrão” de Barret, por outro lado, insistindo indefinidamente na composição recusa o fenômeno estético por meio do prolongamento potencialmente infinito de sua matéria. De um pólo a outro, a “música” recusa o “fenômeno musical”.
O “refrão indefinido” de Barret espelha 4'33 de John Cage: os dois experimentos estão em relação como imagens invertidas e pólos eqüidistantes ao que se compreende razoavelmente como “música”. Isso é evidente pelo fato de que a peça de Cage, inicialmente composta para piano, mas que por óbvio pode ser tocada em qualquer instrumento, se produz por uma recusa de si mesma: a expectativa frustrada da matéria musical deixa produzir-se a música a partir dos ruídos do teatro e da platéia. O “refrão” de Barret, por outro lado, insistindo indefinidamente na composição recusa o fenômeno estético por meio do prolongamento potencialmente infinito de sua matéria. De um pólo a outro, a “música” recusa o “fenômeno musical”.
18 de novembro de 2009
17 de novembro de 2009
Nada deixar
Envelhecer é morrer ao claro;
Morrer, acostumar-se a morrer.
Quando nascemos, já o mundo pronto e acabado, já cidades, ruas, praças e humanos — tudo, de repente: o monólito que nos envolve e de que somos parte, porém somente como fresta ou imperfeição casual. Ano após ano, escavando e esculpindo: finalmente uma existência. Demoramos, porém, a perceber que o fluxo ininterrupto que nos fendeu rocha adentro e, com o qual, retendo em poça, desviando ou deixando correr, arquitetamos nossa caverna é o mesmo que a liquefaz e transmuta para novas fisionomias.
(...)
Vinha descendo a ladeira a meio-passo do meio-fio e ela, sentido oposto, percorrendo os muros e portões. Nos cruzamos frente ao portão aberto à sua esquerda. Voltei os olhos e, já tendo-a visto de ao longe, vi seu corpo contra o fundo do salão de beleza Versátil. Ela não: nem ao templo de vaidade nem aos meus olhos vieram se encontrar os seus, mas permaneceram rijos, declinados sobre a ladeira que lhe custava.
(...)
Fim de avenida cheguei a tempo ainda em folga, longe, porém, do centro-urbano. Perdido entre pensamentos corriqueiros e ninharias solenes, veio-me um verso. “bom verso!”. Paráfrase de Rilke, a dizer bem a verdade, mas, ainda assim, um bom verso. Abri a bolsa que entreaberta permaneceu de pressas, descobrindo qualquer papel e a caneta do bolso lateral.
— Se você deixa a bolsa assim... assim aberta, vem moleque e puxa e... levam tudo mesmo.— E a velhinha assim dizendo parou sorrindo, semigesticulando.
— É... nem percebi. Fico distraído e... muito obrigado pra senhora.
Segui em frente, sentido reverso, pela avenida.
Sobre a colina
Porsobre o desfiladeiro,
O denegrido pinho desce
A escarpa até o fosso,
Até o silêncio do Reino:
O camponês morto sobre o arado,
Pende a raiz de sua boca recurva;
Mãe e filho velando a colheita.
Quando a espada cai sobre a colina sombria,
O estandarte sobre a colina sombria,
Outras sombras há entre a fuligem e telha,
Portas e janelas barbarabertas do refúgio.
À tarde, a guarda-espera,
Olhos até o desfiladeiro.
O denegrido pinho desce
A escarpa até o fosso,
Até o silêncio do Reino:
O camponês morto sobre o arado,
Pende a raiz de sua boca recurva;
Mãe e filho velando a colheita.
Quando a espada cai sobre a colina sombria,
O estandarte sobre a colina sombria,
Outras sombras há entre a fuligem e telha,
Portas e janelas barbarabertas do refúgio.
À tarde, a guarda-espera,
Olhos até o desfiladeiro.
(Re)encontros
Levantamos a mão e partimos —
acinzentado mirante sobre manhã deserta —
Cada um para o outro Leste.
Mas a circunesférica rota
De todos os navegáveis
Reúne os portos.
acinzentado mirante sobre manhã deserta —
Cada um para o outro Leste.
Mas a circunesférica rota
De todos os navegáveis
Reúne os portos.
16 de novembro de 2009
“Então ...
Vanitas vanitatum homo
Há Céu sobre as torres
Semirruinadas. Há...
Terra e desterrados. Mas
Nem deuses, nem humanos.
Silêncio entre badalos faz.
Porém, pálido dorso,
Sobre o sobrepodre patíbulo,
De fera-deus voante, caído.
Quando’a gota de lamporvalho
Similava o Tempo...
Pedra-lastro eras
De eras, sob heras:
Homens virão dobrar seus dedos:
Hecatombes; através da noite ver,
Dobrados joelhos até marmóreos,
Silenciar tua nascente, madraurora.
13 de novembro de 2009
Para Ariane
O dia atravessa ruas e praças:
Somos juntos o declínio do aroma,
Vestígio de ombro e madrugada.
Não somente amiga, sei:
Jamais olhos puros de amiga,
Jamais um sorriso fraterno,
Inveja, compaixão, louvor.
Não me dobrarás os joelhos, sei.
Nem quereria se algo quisesse
Que não fosse volúpia e desrazão.
Não me terás mãos limpas, puras, de uma amiga,
E sobre elas não liquefarei-me.
Mas teus olhos, sorriso e mãos
Estarão sempre manchados de tempestade.
Se um instante reconcilia os lábios,
Nenhum passado aflora combalido.
Ergue, porém, o que não se reconhece passado,
O que não cessa de trespassar a carne.
Somos juntos o declínio do aroma,
Vestígio de ombro e madrugada.
Não somente amiga, sei:
Jamais olhos puros de amiga,
Jamais um sorriso fraterno,
Inveja, compaixão, louvor.
Não me dobrarás os joelhos, sei.
Nem quereria se algo quisesse
Que não fosse volúpia e desrazão.
Não me terás mãos limpas, puras, de uma amiga,
E sobre elas não liquefarei-me.
Mas teus olhos, sorriso e mãos
Estarão sempre manchados de tempestade.
Se um instante reconcilia os lábios,
Nenhum passado aflora combalido.
Ergue, porém, o que não se reconhece passado,
O que não cessa de trespassar a carne.
11 de novembro de 2009
Ant'édipo
Quem trespassou a Sina,
Silencionoturnosa flama,
Por fileiras de sombras já caídas
Ora por jonas colunas de treva
Assistir, satúrnio, deve
Tornar-se outro e Outro.
Feito o céu desdito noutra forma:
Que nem deus nem fera.
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