O ano é 1964; o Brasil torna-se
´palco de duas revoluções: a militar, que pouco a pouco se estende porDeus e o diabo na terra do sol.toda
a América do Sul e a do cinema novo; é o ano da queda (fuga) de Jango e da
ascensão de Glauber Rocha. É verdade que o cinema novo já era então um movimento
consolidado e que golpismo militar vinha se ensaiando no Brasil e alhures h bem
umas décadas, mas isso não tira a importância dos eventos de 64. Deixemos de
lado a política, ou melhor, deixemo-la ao fundo, que é o seu lugar, para
tratarmos de um filme que me parece grande entre os grandes,
Quando Deus e o diabo é lançado, Glauber, que se lançara ao cinema com o
curta Pátio, já havia rodado o longa Barravento e posteriormente ainda será o
responsável por grandes realizações do cinema brasileiro como Terra em transe. Mas, penso eu, é ainda
o filme de 64 a expressão máxima do gênio maldito do cineasta baiano. Nele se
expressa, com todo vigor e arte, as
oposições que encontram nas periferias do
mundo (geográfico, político, existencial) o canteiro fértil donde florescer.
Oposições sim, não contradições, não dialética. Faz pouco caso da arte e do
gênio que recorre a superficial lógica do marxismo para explicar as obras de
Glauber.
Entender Deus e o diabo consiste em responder três perguntas: que deus é
esse? Que diabo? E que terra é essa, a terra do sol? Este é o exercício que vos
proponho, caros leitores, e o convite que vos faço: lancemos um novo olhar
sobre esta obra de arte soterrada pelas ideologias fáceis e idealismos
ultrapassados.
Assista ao primeiro curta-metragem de Glauber Rocha:
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