Ilia Repin. Vsevolod Mikhailovich Garshin. 1884 |
Eis um homem... um qualquer,
Nenhum hussardo, granadeiro ou príncipe.
O caso de um homem. Irônico caso e poético:
Todo caso é de fina ironia
Quando não o escreve um monge.
Haja um velho burocrata eslavo.
Ele, caligrafia do silício,
Ainda costura a letra e copia..
Ele: "bom dia!",
Ele: "Excelência!",
Ele: "boa noite!"
— Voz enferrujada de uma barba rouca,
Dentes calvos, agasalhados contudo
De fumo e descuido, cotidianos.
Ainda mais um dia e o desinfeliz tropeça
Em formulários da ventura vulgar e só,
Pois que a vida lhe passou em branco:
Sem mancha, nem letra,
Entremeada à fibra do capote,
O capote que quisera abandonar
E não pôde. Enfim ei-lo no espelho.
Ei-lo no espelho: um homem velho...
Eis o mesmo capote sobre um homem morto.
Nenhum comentário :
Postar um comentário