/> Πρωτεύς: "É noite"

4 de fevereiro de 2010

"É noite"

Sussurra-me: — é noite,
A terra silenciou agora, agora
Sob nenhum passo, dorme.
Deita a mão sobre meu peito,
Cerra-me os lábios completamente,
Completamente desconjugados:
Nem voz, nem verso, nem vez;
Nenhum engano, farsa ou erro.
Feito o silêncio até o fundo,
O epidérmico espírito,
Até de mim somente o mesmo.
Vem, sussurra-me: — é noite;
Ando inquieta por horas
E ora te esqueço de mim e durmo,
Mas não agora ou já bem tarde.
Deita aqui, corpo sobre o meu,
Como quando a tempestade lança
Uma nuvem sobre a outra,
Junto a outra e através;
Poratravés delas, eclode e tomba.
Não é o tempo, nenhum quando:
Aí te espero colinas adentro,
Sobre o alto pico anuviado.
Seja língua e ouvido, o mesmo;
Sejam os sentidos, sussurros;
Intensos, vorazes, porém:
Toda a verdade da carne pura.
Vem, derrama em meus ouvidos
A matéria qualquer de teu ser:
— É noite, sejamos unidos,
Margens outras pela corrente;
Sejamos um mesmo agora,
No mesmo grito átono: “agora!”.

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