/> Πρωτεύς: Através do deserto I

2 de fevereiro de 2010

Através do deserto I

Sobre o silêncio paira a inquietude
Das mãos que pousam imóveis,
Movem horas e ora dobram,
Demoradamente mudas.
Adormeceram, acaso, musas,
Tanto pior, definitivamente?
Nenhuma substância brota
De alguma subestância profunda,
O fundo é pântano e lodo.
Era o silêncio, enfim, qualquer
Morte ou dormente travessia,
Qualquer vida outra diversa e vaga,
Qualquer vaga impressão de não ser:
O crânio partido em terço,
O rosário pagão do mistério último,
Da verdade última de todo caso,
Comutação de Acaso e Fado.
Era também o asno a puxar o tronco,
Sob as rédeas férreas, sôfrego,
Da necessidade e a carga dos dias
Ou sempre renovada comédia
Ou sempre demorada apatia.

Vens, porém, e o que muda
É nada e tudo e quase tanto
Quanto a catástrofe...
Ou revolução silenciosa
De astro e nuvem.

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