B. Como estais, Rocinante, tão delgado?
R. Porque nunca se come, e se trabalha.
B. Então não tens cevada nem tens palha?
R. Não me deixa meu dono nem bocado.
B. Arre, senhor, que estais mui malcriado:
Contra ele tua língua de asno ralha.
R. Asno se é desde o berço até a mortalha.
Quereis-lo ver? Olhai-o enamorado.
B. É necedade amar?
R. Não é prudência
B. Metafísico estais.
R. É que não como.
B. Queixai-vos do escudeiro.
R. Não é bastante.
Como me hei de queixar nesta dolência,
Se dono e o escudeiro ou mordomo
São tão rocis como este Rocinante?
Trad. De Carlos Nouugué e José Sánchez para O engenhoso fidalgo D. Quixote de la Mancha.
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